segunda-feira, 30 de julho de 2007

Assine a petição e ajude o Darfur!

A AI Portugal, no âmbito do seu trabalho conjunto na Plataforma por África – Projecto pela Paz no Darfur, promove uma petição ao Embaixador da China em Portugal para que use da sua influência para pôr fim à situação dramática no Darfur.

A um ano do início dos Jogos Olímpicos em 2008, queremos relembrar às autoridades chinesas os princípios subjacentes a este acontecimento, reclamando a sua intervenção imediata junto do governo de Cartum, assim como das Nações Unidas, como Membro Permanente do Conselho de Segurança. A China é um dos países que continua a vender armas e equipamento militar ao Sudão, no entanto afirmou em Maio deste ano, depois da publicação de um relatório da AI, que a venda “limitada” não quebrou o embargo das Nações Unidas e que foram utilizados critérios restritos na exportação de armas para o Sudão. No entanto, o governo de Cartum continua a usar as armas e equipamento militar fornecidos pela China e outros países, para cometer graves abusos e violações aos direitos humanos.


Texto da Aministia Internacional.



sábado, 21 de julho de 2007

Sempábrir COM e PELO Darfur

O Centro Vocacional Juvenil (CVJ) dos Missionários Combonianos, organiza de 24 a 28 de Julho uma caminhada jovem a Fátima de oração com e pelo Darfur.

2 Percursos: Azambuja – Fátima, para os jovens do sul
Coimbra – Fátima, para os jovens do centro e norte

COM o Darfur: ao longo do percurso teremos presente situações e pessoas concretas do Darfur. Com elas presentes no nosso espírito, grupo, e actividades, caminharemos em comunhão. A ausência física não diminuirá a nossa comunhão com todos os nossos irmãos, que diariamente têm de caminhar para fugir aos horrores da guerra e da fome.

PELO Darfur: todas as actividades, orações e reflexões serão direccionadas e terão como objectivo a paz no Darfur. O Darfur é hoje o ícone da humanidade sofredora, errante, martirizada. Rezar pelas populações do Darfur é interceder por toda a humanidade, sobretudo por aquelas situações e pessoas mais necessitadas no momento. Não podemos ficar calados e ser cúmplices deste drama humanitário e daqueles que tendo o poder, nada fazem para que a situação se transforme.

As situações e pessoas concretas foram-nos oferecidas pelo P. Feliz Martins, missionário comboniano e Nyala, no Darfur.
Pedimos e encorajamos todos os participantes a optar por um compromisso concreto em favor do Darfur através da assinatura de uma petição, organização de eventos que falem do Darfur nos seus grupos, movimentos, paróquias e associações.

A caminhada termina integrando-se na Peregrinação da família comboniana no dia 28.

A todos vós pedimos somente duas coisas:
1. Rezai por esta centena de jovens em caminho, e por toda essa multidão de “Darfurianos”.
2. Reenviai este mail a todos os vossos contactos pedindo também a sua adesão, espiritual a esta iniciativa. Poderemos criar assim uma cadeia de intenções e orações pelo Darfur.

Nós rezaremos também por vós.

Se nos quiserdes enviar uma mensagem de encorajamento ficaremos muito contentes. Vamos lê-la para todos e ter-vos presentes nas nossas actividades.
Podereis fazê-lo para:

jovemissio@gmail.com
968107616 – Leonel Claro – grupo norte
968363702 – João Costa – grupo sul

Podeis também consultar o nosso Bog:Jovens e Missão

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Sudão: Descoberta de lago subterrâneo no Darfur pode amenizar conflito

Cientistas da Universidade de Bóston, nos Estados Unidos, dizem ter encontrado provas da existência de um lago subterrâneo na região sudanesa de Darfur. Se confirmada, essa descoberta pode amenizar o conflito e a crise humanitária na região.
Segundo especialistas, a falta de água agravou as tensões entre as comunidades locais e a água armazenada neste reservatório subterrâneo poderia ajudar a resolver o conflito.
Os pesquisadores norte-americanos acreditam que o lago possa ter mais de 30 mil quilómetros quadrados e já pensam na melhor forma de extrair a água. A princípio, se o governo local concordar, serão abertos cerca de 1 000 poços na região para bombear a água.
O Doutor Farouk El-Baz, Director do Centro de Pesquisa Remota da Universidade de Bóston e chefe da equipe responsável pela descoberta, diz que o novo lago é, na verdade, um antigo lago.
«A região Norte de Darfur tem uma gigantesca depressão que cobre uma área três vezes maior que o Líbano. Há centenas de anos, havia ali um lago cheio de água. A água escapou e formou agora um reservatório subterrâneo».
De acordo com este especialista, a capacidade desse reservatório é suficiente para abastecer todas as comunidades de Darfur e o acesso á água poderia restaurar a paz.
«Boa parte do conflito e da miséria em Darfur deve-se à escassez de água. O acesso à água potável é essencial para a sobrevivência dos refugiados, ajudará no processo de paz e fornecerá os recursos necessários para o desenvolvimento económico da região», afirma o geólogo.
A descoberta foi já apresentada pelos pesquisadores ao Presidente sudanês Omar al-Bashir que anunciou uma iniciativa para se perfurarem os poços em favor da consolidação da paz e do apoio a economia local».
Uma descoberta semelhante foi feita no Egipto, vizinho do Sudão, onde poços foram usados para irrigar 150 mil acres de terras cultiváveis.

quarta-feira, 18 de julho de 2007


Na próxima sexta, dia 20, organiza-se uma oração de Taizé pela situação na região do Darfur (Sudão),Será às 19:45 na Igreja de S. Nicolau, na Baixa (Lisboa).

Participe e divulgue esta a iniciativa!!


segunda-feira, 16 de julho de 2007

Darfur

CONFERÊNCIA LÍBIA RELANÇA OPTIMISMO

A conferência internacional sobre o roteiro de paz para o martirizado Darfur que decorreu este fim-de-semana na capital líbia, terminou com uma nota de optimismo.
«Estamos muito felizes porque este encontro terminou com uma mensagem, forte de paz e o início de negociações. Penso que agora vemos a luz no fundo do túnel», disse Jan Eliasson, enviado especial da ONU para o Darfur que partilhou a presidência do evento com Salim Ahmed Salim, o seu homólogo da União Africana (UA).
Said Djinnit, Comissário da UA para a Paz e Segurança, disse que os movimentos rebeldes do Darfur mostram vez mais a vontade de reatar o diálogo com Cartum e que o mês de Setembro deve ser crucial, MISNA noticia.
A declaração final da conferência de Tripoli revela que de 3 a 5 de Agosto os enviados especiais da ONU e da UA vão-se encontrar em Arusha, Tanzânia, com os líderes rebeldes que se recusaram a assinar o Tratado de Paz para o Darfur, de Maio do ano passado.
Jan Eliasson está optimista que o Governo do Sudão e os grupos rebeldes do Darfur se sentem à mesa das conversações de paz em Setembro.
A Conferência Internacional sobre o Darfur juntou diplomatas da ONU, da UA, da Liga Árabe, da União Europeia e de 18 países.

domingo, 15 de julho de 2007

Vidas Reais


Samia Ramadan, 5 anos. Chora e pergunta todos os dias pelos irmãos que foram mortos pelos janjauid em Buram.


Zinat Abdu, 3 anos, diz que a casa onde vive agora é muito pobre comparada com aquela em que vivia em Bulbul e que no campo de refugiados de Kalma não tem ovelhas nem cabras para guardar e brincar… nem leite.


Abd el Wahab e a Raqui, 7 ou 8 anos, trabalham com e como os adultos à entrada do campo refugiados de Kalma a fazer tijolos: «Quero trabalhar aqui, fazer e vender muitos tijolos para fazer uma casa para mim e meus avós.» Os seus pais e resto da família foram mortos pelos janjauid.


Ramadan estava prestes a casar com Leila quando vieram os janjauid… Destruíram, queimaram e levaram-lhe a querida noiva que nunca mais chegou a ver. Depois de dois anos Leila ainda estará viva? Talvez escrava?


Abdu e Hachim bateram à porta da missão de Nyala era quase meia-noite. Afoitei-me e fui abrir. «Pedimos protecção por esta noite», dizem. Quase que falam ao mesmo tempo e têm pressa de entrar. «Os amigos dos jaunjauid sabem que estamos aqui na cidade». Abdu e Hachim fugiram de Greida onde se luta há 4 dias. Apareceu uma alma amiga que lhes deu guarida e protecção porque sabia o perigo que tanto eles como eu corríamos. Na manhã seguinte partiram para o sul. São sulistas e cristãos.


Jamal viu-me à entrada do seu campo de refugiados em Kalma e perguntou: «Porque não multiplicais os esforços sanitários aqui? Falta de tudo, mas ao menos se houvesse algumas latrinas haveria muito menos risco de infecções e cólera…» É perigoso parar à entrada de um destes campos, eu sei. Mas eu queria ouvir alguém, falar, partilhar esperanças, pobrezas e riquezas. Que as há. De uma e outra parte. Num e noutro sentido.




P. Feliz Martins,Missionário Comboniano no Darfur

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Darfur

Diplomacia do gato e do rato

A Secretária de Estado Norte-Americana disse ontem que é tempo de acabar com a diplomacia do gato e do rato do Sudão sobre o Darfur.
«Temos que nos manter resolutos para acabar com o sofrimento e a violência no Darfur. Já morreram pessoas de mais, demasiadas mulheres foram violadas, demasiadas crianças foram separadas das suas famílias», Condoleezza Rice disse aos participantes de uma reunião conjunta da Organização dos Estados Americanos e da União Africana em Washington DC.
«Não podemos deixar o Governo do Sudão continuar este jogo da diplomacia do gato e do rato, prometendo e depois negando. É nossa responsabilidade como nações de princípios, como democracias de princípios, obrigar o Sudão a prestar contas», a Dr.ª Rice advertiu.
Entretanto, Grã-bretanha, França e Gana prepararam o esboço de uma resolução sobre a força híbrida de paz da ONU e da União Africana para o Darfur.
A força vai chamar-se UNAMID e terá cerca de 26 mil elementos entre militares, polícias e civis. Deverá estar operacional do início de 2008 e terá um mandato inicial de um ano.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Darfur




© Lusa


AGENTES HUMANITÁRIOS SOB VIOLÊNCIA CRESCENTE

Os agentes humanitários operam no Darfur sob condições de violência crescente e em Junho a situação piorou dramaticamente, indica o relatório sobre segurança de uma agência caritativa presente na província ocidental do Sudão.
Durante o mês passado, foram registados 30 incidentes classificados de sérios e bandidos armados e milícias lançam ataques violentos diários contra organizações não governamentais, escreve o diário londrino «The Independent». No ano passado a média era de 10 ataques por mês.
O relatório denuncia que duas pessoas foram mortas e cinco feridas durante os ataques, 28 agentes humanitários sequestrados e 35 viaturas roubadas, baleadas ou sequestradas.
Em 2006, o Governo de Cartum assinou o Acordo de Paz para o Darfur com uma facção rebelde. O acordo, contudo, não parou a violência. Pelo contrário, o conflito piorou. No último ano mais de meio milhão de Darfurianos procurou refúgio em campos de deslocados internos. Os campos atingiram a lotação máxima, mas os deslocados continuam a chegar diariamente, agências humanitárias alertam.
No Darfur, há cerca de 14 mil agentes humanitários a trabalhar para mais de 80 agências internacionais de ajuda, a maior operação humanitária jamais montada pela ONU.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Darfur

NAÇÕES UNIDAS E UNIÃO AFRICANA ORGANIZAM CONFERÊNCIA

As Nações Unidas (ONU) e a União Africana (UA) estão a organizar (mais) uma conferência internacional para avaliar o novo plano de paz para o Darfur que devia levar a uma nova fase de negociações com todas as forças envolvidas no conflito.
Radhia Achouri, porta-voz da Missão das Nações Unidas no Sudão (UNMIS) revelou antes de ontem em Cartum que a conferência decorre em Tripoli, Líbia, a 15 e 16 de Julho sob a presidência conjunta da ONU e UA.
Treze países foram convidados para a conferência: Chade, Egipto, Eritreia, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, China, França, Rússia e Grã-bretanha), Canadá, Holanda, Noruega, Líbia e, claro, o Sudão.
A União Europeia e a Liga Árabe também foram convidadas.
Entretanto, a ONU e a UA destacaram a Eritreia e o Governo autónomo do Sul do Sudão como possíveis mediadores para as futuras negociações de paz no Darfur entre os rebeldes e Cartum.
Em Maio do ano passado o governo do Sudão assinou o Acordo de Paz do Darfur (DPA) com uma facção do Exército de Libertação do Sudão (SLA) em Abuja, Nigéria. O DPA não trouxe paz ao Darfur. Pelo contrário, a oposição a Cartum passou de dois movimentos (SLA e JEM) para uma dúzia de grupos e facções.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Eurodeputado português em visita ao Darfur
"As queixas que recebemos com mais frequência têm a ver com a continuação de ataques, de violações e de intensa insegurança". Quem o afirma é Ribeiro e Castro, eurodeputado, que se encontra no Sudão até quinta-feira.


O responsável português deixou o alerta de que é urgente garantir a segurança no Sudão, para que as populações possam regressar às suas casas.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Os direitos das vítimas de abuxo sexual

Um dos problemas que mais aflige o Sudão, nomedamente o Darfur, é a violação de crianças e mulheres. Uma situação que piora com a guerra, mas também com a legislação actual.

A organização Refugees International alerta para a a necessidade de se mudar a lei, para que haja uma maior protecção das vítimas de abuso sexual. Afinal, há que acabar com a guerra, mas também convém que haja legislação que proteja os direitos humanos.

A organização lançou um relatório onde aborda esta problemática, intitulado Laws Without Justice: An Assessment od Sudanese Laws Affecting Survivors of Rape. Pode consultá-lo em http://www.refugeesinternational.org/content/publication/detail/10070.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

AS PROMESSAS DE PARIS

A Conferência Internacional sobre o Darfur, que decorreu em Paris a 25 de Junho, terminou com uma mão cheia de promessas e pouco mais.
A comunidade internacional prometeu redobrar esforços para pôr termo ao conflito que começou em Fevereiro de 2003 e já fez mais de 200 mil vítimas e para cima de dois milhões de deslocados e refugiados.
Condoleezza Rice, a Secretária de Estado norte-americana, voltou a ameaçar o Sudão, com novas sanções caso Cartum não permita dentro de emio ano o estabelecimento de uma força híbrida das Nações Unidas (ONU) e da União Africana (UA) para parar com o genocídio no oeste sudanês.
O enviado especial da China ao Sudão afirmou que o presidente sudanês «está pronto para negocial a qualquer hora e em qualquer lugar.»
O ministro francês dos negócios estrangeiros, Bernard Kouchne, defendeu a importância de uma solução política para o conflito e anunciou que em Setembro um «grupo de contacto alargado» vai-se encontrar à margem da Assembleia Geral da ONU para discutir o Darfur.
A França pôs de lado 10 milhões de euros para apoiar a Missão da União Africana no Sudão (AMIS em inglês). A Espanha prometeu 5 milhões de euros para a força híbrida ONU/UA e outro tanto em ajuda humanitária. A União Europeia reservou mais 31 milhões de euros para ajudar os darfurianos.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, afirmou no final da conferêcia que «como seres humanos e políticos, devemos resolver a crise do Darfur. O silêncio mata. Temos que mobilizar a comunidade internacional para dizer “Basta!”».

terça-feira, 26 de junho de 2007

Um pequeno paraíso no Darfur
Mas no meio da tragédia, ainda há uma luz ao fundo do túnel. Em Yara, uma das comunidades do Darfur, não há diferenças étnicas ou qualquer conflito entre tribos. A etnia Fur, que deu o nome ao Darfur, e os nómadas árabes vivem lado a lado sem problemas. Trabalham juntos e já conseguiram reconstruir uma escola, uma clínica local e já pensam em investir no cultivo do limão e da papaia.
Para este pequeno paraíso tem contribuído a ajuda da UNICEF que, em 1999, iniciou nesta zona a Child-Friendly Community Initiative. Com este programa, a população local teve uma parte activa na recuperação da sua terra.
Mas, como é que em plena guerra, se consegue consntruir um local de paz? Um dos habitantes de Yara revela o segredo: “Não há diferenças entre nós. Partilhamos tudo o que temos. Isso torna-nos iguais.”

domingo, 24 de junho de 2007

É mesmo genocídio


Provas de genocídio no Darfur

O canal de televisão Odisseia apresenta provas definitivas do genocídio de Darfur nos dia 24 e 25 de Junho.
Após meses de investigação, o canal Odisseia obteve as provas definitivas sobre a catastrófica situação que vivem milhares de refugiados nas zonas próximas do Sudão: torturas, assassínios, ameaças e extorsão por parte do exército sudanês que governos e organizações internacionais deixaram no esquecimento.
O canal denunciava estes factos no passado mês de Abril com o documentário "Testemunhos de Darfur" e "Darfur, provas do genocídio". Agora, uma equipa de profissionais obteve provas audiovisuais que corroboram a veracidade desta informação: testemunhas protegidas ameaçadas de morte, vítimas destas torturas, valas comuns, etc.
O documentário de produção própria "Darfur, chamamento à consciência", foi emitido emitido no espaço Offdisseias no dia 24 de junho às 21.00h. Terá novas transmissões no dia 25 às 1.00h e 11.00h.
No documentário, além das provas recolhidas, Mohamed e a sua esposa Amida, testemunhas directas do massacre que tiveram que fugir de Darfur por ameaças de morte, oferecem o seu emocionante testemunho depois de terem testemunhado no Tribunal Internacional de Justiça. O filme foi realizado por Julio Alonso e Iván Durán e todo o material incluído foi apresentado como provas do genocídio no Tribunal de Haia.

Outras informações sobre o Darfur: Jovens e Missão

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Governos locais são os responsáveis pelos conflitos

O alto-comissário da ONU para os Refugiados, António Guterres, não poupa críticas aos governos locais pelos conflitos mundiais, nomeadamente o do Darfur.
Guterres tem estado esta semana no Sul do Darfur e, em entrevista à Reuters, foi peremptório: «Vamos ser honestos, em muitos casos os governos são parte do problema e em muitos casos a comunidade internacional não tem capacidade para ajudar», afirmou o alto-comissário.

No entanto, salientou que o regresso de alguns refugiados do Sul do Sudão a casa, depois de quase duas décadas de exílio, é uma pequena vitória, tendo em conta a situação dramática que se vive na região. «Este ano, estamos a apoiar uma enorme reintegração de pessoas para o Sudão de muitos países vizinhos, como o Uganda, a Etiópia, o Quénia e a República Democrática do Congo», disse António Guterres, quando se encontrou com 161 refugiados sudaneses que estavam no Uganda.

Em 2007, o Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados já organizou a repatriação de 35 mil pessoas para o Sudão, mais 14 mil do que no ano anterior.

LÍDERES MUNDIAIS DISCUTEM DARFUR

Líderes mundiais incluindo Estados Unidos, China, Rússia e Japão, vão reunir com representantes da ONU e da União Europeia em Paris na segunda-feira para discutir a situação no Darfur, anunciou o ministério francês dos negócios estrangeiros.
Representantes dos Estados Unidos, Grã-bretanha, Canadá, Dinamarca, Egipto, Alemanha, Itália, Holanda, Noruega, Portugal e Suécia confirmaram a participação na Conferência de Paris.
A União Africana e o Sudão muito provavelmente ficam de fora em protesto por não serem previamente consultados sobre a iniciativa.
O encontro é organizado pelo recém-eleito presidente francês, Nicolas Sarkozy. Pretende juntar todos os países envolvidos no conflito do Darfur juntamente com a China para discutir uma solução política e questões humanitárias e de segurança, explicou a agência AFP.

quarta-feira, 20 de junho de 2007


A Amnistia Internacional organiza dia 22, às 21:30, uma sessão na "Biblioteca Operária de Oriense", em Oeiras, sobre meninos soldado e o comércio de armas aonde apresentarão igualmente as questões do Darfur.

Participe e conheça um pouco mais sobre a realidade destas crianças que têm de crescer com uma arma nas mãos, em vez de um brinquedo.
O testemunho vivo do povo do Darfur

“Assalam aleikum”. Foi uma saudação apressada. Um “bom dia” de alguém com o coração apertado pela angústia. Por isso passou à frente do ritual do costume: a lengalenga de perguntas e respostas acumuladas e repetidas (sobre a vida, a saúde, a família) como fazem as pessoas desta terra, quando se cumprimentam.
Veio do frio da noite e das estradas improvisadas no deserto-savana do Darfur. Convido-o a sentar-se, mas ele não dá conta da cadeira. Fica de pé, o turbante a envolver-lhe a cabeça e o rosto, permitindo apenas que se lhe vejam os olhos que me falam de aflição mas também de muita esperança de viver. Destapou o rosto e, da sua boca, ouvi palavras de amargura.

“Não podemos aguentar mais. Já há muito que a nossa gente quer fugir desta terra maldita. As razias tornaram-se coisa normal e frequente. Em cada hora que passa há vidas que já não são. Muitas aldeias já deixaram de existir. Não poucas vezes somos obrigados a conviver com o cheiro fétido dos corpos que nem sempre podemos sepultar. Agora já não há longe nem perto: os “jaujauid” moram ao nosso lado. Violam as nossas mulheres e filhas; roubam o nosso gado. A nossa vida ou a nossa morte depende somente do bel-prazer desses malditos sanguinários”.

Que fazer? Dizer palavras de consolação? De simpatia? A melhor escolha foi o silêncio: E, daí a instantes, concluiu: “o meu nome é Macur”. Homem já bem entrado nos cinquenta. Sultão, com longa experiência de autoridade na tribo dinca. Com a posição que ocupa na sua comunidade, ele sabe que não pode chorar nem deve mostrar medo. Seria a sua derrota. Respira fundo para tomar coragem. “Se temos de fugir, que seja em direcção à nossa terra, porque nós não somos daqui e não temos nada a ver com os árabes” – diz, agora já mais calmo e sereno.

Este homem representa uma lista sem fim de seres humanos que já vêm de uma longa caminhada. A guerra e a fome no Darfur já mataram mais de 200 mil dos seus irmãos. E aos que conseguiram sobreviver, mudou-lhes a identidade. Passaram a ser deslocados ou refugiados. Mais de 2 milhões. Errantes, sem eira nem beira.Chamar-lhe guerra é pouco. O que, desde há quatro anos, está a acontecer nesta zona do Oeste do Sudão é um verdadeiro genocídio. Registo a expressão do Macur que, me convida a olhá-lo de alto a baixo e diz, com tristeza: “pensávamos poder regressar com calma e tão somente depois de ter enchido estes ossos, mas agora está difícil salvar mesmo os ossos”!


Feliz da Costa Martins, missionário comboniano em Nyala, no Sudão

terça-feira, 19 de junho de 2007

António Guterres alerta para dificuldades no Darfur
O Sudão foi dos países que mais contribuiu para o aumento de refugiados desde 2005. De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), o número de pessoas que são obrigadas a refugiarem-se aumentou de 21 milhões em 2005 para 33 milhões o ano passado. Os valores são considerados sem precedentes se se tiver em conta o último quinquénio.
Apesar de em primeiro lugar estar o Afeganistão (2,1 milhões de refugiados), o Sudão aparece logo de seguida com 686 mil refugiados, segundo o relatório “Tendências Mundiais em 2006” do ACNUR. A organização alerta ainda para o problema dos deslocados internos. No caso do Darfur (oeste do Sudão), o chefe da organização, o português António Guterres, alertou para as dificuldades que estão a sentir nesta zona: “O desempenho de organizações como o ACNUR está gravemente limitado, o que pode parecer intolerável, mas o desespero dos seus responsáveis não é nada quando comparado com o de milhões de deslocados daquela região africana".